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Carta Pastoral à 35a Reunião Conciliar da Diocese Anglicana de Brasília da IEAB, reunida na Paróquia da SSª Trindade, Paranoá-DF, nos dias 01 e 02 de setembro de 2018.

1. Irmãs e Irmãos em Cristo reunidas nesta reunião conciliar da Diocese Anglicana de Brasília, desejo que este seja mais um momento de encontro, partilha, diálogo e decisões no caminho da unidade e na perspectiva da mudança a que somos chamadas e chamados a viver a cada momento de nossas vidas em Cristo.

2. Sim, porque seguir a Cristo requer de cada uma e cada um de nós mudanças. E essas são constantes. Seguir a Cristo exige assumir que estaremos na contracultura, mas também que estaremos exercendo e expressando o amor que vem de Deus e nos motiva a amar sem medo e com toda força.

3. Nessa chegada ao Concílio, somos acolhidas e acolhidos, com muita alegria e fraterna hospitalidade, pela Paróquia da SSª Trindade, que, neste mês de setembro, celebra 26 anos da presença Anglicana no Paranoá. Tempo de muitas lutas e também de alegrias e glórias, para honra de nosso Senhor Jesus Cristo.

4. E, nesse contexto de festa na Paróquia da SSª Trindade, não poderíamos deixar de trazer à memória o testemunho de perseverança do Rev. Côn. Josias Alves Conserva, que serviu com grande determinação e foi para nós um exemplo de quem resistiu e nunca desistiu da missão, porque a Missão é de Deus.

5. Hoje celebramos o ministério de liderança e serviço do Rev. Denilson Olivato, juntamente com o povo da Trindade. Vamos adiante meu povo! “Temos muito ainda por fazer, apenas começamos” (Renato Russo).

6. Nosso Concílio se envolve na moldura de três grandes referências para nossa espiritualidade na missão. Começamos a semana celebrando o testemunho e vida de Dom Helder Câmara. Seu pensamento e testemunho é uma inspiração para meu episcopado, e continuarei sempre sonhando que um novo mundo é possível: “nas bem-aventuranças de Jesus falta uma, ou está implícita em todas: bem-aventurados os que sonham, porque correrão o doce risco de ver os seus sonhos realizados”.

7. A semana continuou trazendo a memória de Santo Agostinho de Hipona, um dos mais importantes teólogos e filósofo dos primeiros anos do Cristianismo. Suas obras influenciaram o pensamento cristão. Cito, em especial, os livros “Confissões” e “Cidade de Deus”, que marcam o seu cuidado com aquilo que é essencial: “nas coisas essenciais, a unidade, nas coisas não essenciais, a liberdade, e em todas as coisas, o amor”.

8. Na sexta-feira, 31 de agosto, foi dia de recordar Santo Aidan. Ele foi Bispo de Lisdisfarne. Conhecido como apóstolo da Nortumbria, foi o responsável pela restauração do Cristianismo naquela região. Como um bispo missionário, no ano de 631, ele caminhou a pé pelas aldeias conversando e inspirando as pessoas pobres.

9. Na inspiração destes pais da Igreja, quero hoje expressar minha gratidão a Deus, a minha família e ao clero e povo desta Diocese por chegar ao décimo quinto ano de episcopado pela vontade de Deus e eleição do povo. Muito obrigado pelo caminhar de serviço. E vamos adiante!

10. Aqui, quero expressar em Concílio as boas-vindas ao nosso irmão Rev. Izaias Torquato, que no último interregno conciliar, mais precisamente em setembro de 2017, foi acolhido e instalado Ministro Encarregado na Paroquia São Felipe e depois também na Missão da Reconciliação. Oferecemos as boas-vindas também ao Rev. Geraldo Magela, que vem cedido pela Diocese Anglicana do Recife e aqui, por este tempo, assume os deveres e direitos de clérigo da Diocese Anglicana de Brasília.

11. Este Concílio seguirá a inspiração do que moveu toda a Igreja na preparação e chegada da Confelíder e do Sínodo: “Ora, vocês são o corpo de Cristo, e são membros dele, cada qual a sua maneira”. Foi enorme a nossa alegria ao acolher o povo da Igreja em Brasília naquela bela festa.

12. Quero lançar uma motivação para nosso caminhar diocesano que vem baseada na teologia de João, a qual nos traz a ênfase na encarnação: “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (João 1,14) e no amor. O amor que se transforma na chave da vida cristã, porque foi por amor que Deus nos salvou: “Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu único filho para nos salvar” (João 3,16). É pelo amor que poderemos experimentar a mais profunda comunhão com Deus “nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós, e devemos dar nossa vida pelos irmãos” (I João 3, 16).

13. É nesta trilha que ofereço, com muita energia, o tema para nossa inspiração diocesana “o perfeito amor lança fora o medo” (I João 4,18).

14. Para viver essa experiência de que o amor é a chave do nosso ser e fazer cristãos, é indispensável se perceber no “andar” no entendimento e na sabedoria: “a sabedoria edificou a sua casa (…) andai pelo caminho do entendimento” (Proverbios 9, 1-6). O imperativo do convite é: “andai no entendimento”.

15. Certamente, andar no entendimento exige de cada uma e cada um de nós muito mais do que o senso comum. Porque, frequentemente, o senso comum é discriminatório, preconceituoso, reducionista, simplista, e, na maioria das vezes, flerta com a ideologia dominante. Por isso o senso comum é ostentado pela maioria.

16. De outro lado, o bom senso, requer discernimento, visão, leitura crítica, autonomia de pensamento e coragem. Pois o bom senso caminha na contramão da ideologia dominante.

17. Muitas vezes, o novo não leva à certeza de que será melhor. Contudo, o novo nos coloca na possibilidade da mudança, e nos desafia a aprofundar e fortalecer nosso entendimento da vida.

18. Como Igreja, somos chamados a ser “uma parábola de amor” (Paulo Ueti). E ser essa parábola é estarmos prontas e prontos a acolher a todas as pessoas.

19. O Concilio Diocesano é um espaço de encontro e de partilha. Nessa experiência, cada qual de nós temos a plena liberdade de nos expressar a partir do entendimento individual a respeito de cada tema a ser refletido, dialogado e decidido. Por isso, o Concilio é uma oportunidade de diálogo, reflexão e conversa na busca da unidade. Na busca de nos mantermos juntos na missão nos diferentes cantos de nossa Diocese.

20. Muito especialmente, neste Concilio desejo que sejamos Guiados pelo amor a viver a Parábola do amor. O amor que é paciente, que não busca seus próprios interesses, que vive em comunidade.

21. Guiados pelo amor estaremos também sendo guiados para a justiça.

22. Muito especialmente, neste Concilio estará em nossa pauta o tema da mudança canônica que foi aprovado pelo Sínodo Geral da Igreja. E é importante recordar que o tema da sexualidade humana tem sido abordado na Igreja desde 1997, com a publicação da Carta Pastoral da Câmara Episcopal. Ao longo desses 21 anos, o diálogo, a reflexão e as conversas foram sendo construídas. E hoje temos um Cânon aprovado que acolhe o casamento para todas as pessoas.

23. Aqui, exorto para que, guiados pelo amor, possamos exercer a nossa liberdade de diálogo, compreendo a decisão de cada qual, sempre garantindo o respeito.

24. Os caminhos são construídos por passos. E, a cada passo, se constrói um novo caminhar.

25. Não é demais recordar a palavra sábia do provérbio africano: “se você que ir rápido, vá sozinho. Mas se quiser ir longe, vá em grupo”.

26. Neste Concílio, também estaremos mergulhando e aprofundando as ações do PLAD 2018-2022, o qual começamos a revisar em novembro de 2017.

27. Reafirmamos nossa Missão: “Ser uma Igreja missionária, instrumento do anúncio e testemunho do Reino de Deus, por atos e palavras. Viver, na diversidade e inclusividade, o nosso jeito de ser Anglicano”.

28. Reafirmamos nossa Visão: “Ser uma Igreja ousada e dinâmica no testemunho do Evangelho, na ação missionária e na promoção da vida, servindo no amor, na fidelidade e na solidariedade”.

29. E reafirmamos o nosso Objetivo Geral: “Fortalecer as comunidades atuais, tornando-as missionárias, buscando a formação de novas comunidade, de forma que a Igreja seja inclusiva e terapêutica.”

30. A partir dessa base, construímos quatro eixos de ação:

31. Multiplicar os dons e talentos existentes em cada comunidade;

32. Qualificar as comunidades para atender as pessoas violadas em seus direitos;

33. Divulgar e fortalecer o Ethos Anglicano;

34. Fortalecer o canal de comunicação direito e exclusivo com o público interno ativo.

35. E ainda, unido ao PLAD, recordo os desafios da Carta Pastoral do ano passado, os quais ainda devemos seguir:

36. Formar grupos de estudo bíblico e formação para o discipulado intencional;

37. Aprofundar e construir ações para que nossas comunidades se tornem espaços seguros, comprometidos com o bem-estar físico, emocional e espiritual para as pessoas que sofrem abusos e discriminações.

38. Por fim, e não por último, quero trazer à memória que estamos em ano de eleições gerais. Viver e ser guiados pelo amor é também demonstrar nossa indignação com a situação de crise ética, politica, econômica e institucional que passa o nosso país. E precisamos buscar votar em pessoas que se pautam pelos princípios que envolvem: a paz, a solidariedade às pessoas empobrecidas, a paixão pelo servir. Devemos eleger pessoas que estejam comprometidas com as causas da justiça e promoção social.

39. E nunca é demais recordar que nosso compromisso se concretiza nas Marcas da Missão:

  • Proclamar as boas novas do Reinado de Deus;
  • Ensinar, batizar e nutrir os novos crente;
  • Responder às necessidades humanas com amor;
  • Procurar a transformação das estruturas injustas da sociedade, desafiar toda espécie de violência e buscar a paz e a reconciliação;
  • Lutar para salvaguardar a integridade da Criação, sustentar e renovar a vida na terra.
  1. Que estejamos unidos no caminhar, guiados pelo amor e, sendo parábola do amor de Deus, servindo e transformando vidas.

 

Que o Amor de Deus nos Una. Amém.

 

+Mauricio Andrade

Bispo Diocesano

Habilidades

Postado em

2 de setembro de 2018